quarta-feira, abril 12, 2006

Joel Vasconcelos fala da campanha da JCP


Joel Vasconcelos, dirigente da JCP, faz um balanço muito positivo da campanha «Direitos não se Pagam, Conquistam-se!», lançada em Novembro pela organização do ensino superior.

- Que conclusões tiram das reuniões que mantiveram com as associações de estudantes?
-Estas reuniões têm como objectivo tomar contacto com realidades concretas, apresentar as propostas da JCP e obter dados que facilitem a discussão - e estes objectivos têm sido cumpridos. Temos visto que os problemas que apontamos como as causas fundamentais para o ensino superior se encontrar no estado em que está, são os mesmos que as associações de estudantes apontam como os mais graves.
- Quais são os principais problemas?
- Primeiro, o subfinanciamento, responsável por termos as cantinas ou os laboratórios que temos. Esta situação sente-se no dia-a-dia, na mínima coisa, seja no computador que não existe ou na degradação das salas de aula. O subfinanciamento e a revogação da lei de financiamento têm sido apontados pelas associações de estudantes como o principal problema.
Depois, há a acção social, que se reflecte nas bolsas de estudo, nas cantinas e nas residências. As bolsas são pagas a más horas, quando são pagas e com o valor com que são pagas. Muitos estabelecimentos não têm cantinas e, em muitos outros, a qualidade é má. Quanto às residências, no plano nacional, o número total é de 10 mil camas, o que não chega sequer para cobrir o número de estudantes deslocados da Universidade de Lisboa. Isto traz aos estudantes encargos muito grandes, no pagamento de quartos ou apartamentos.
Neste Orçamento de Estado a questão da acção social foi tratada da maneira que foi, com um desinvestimento claro nas cantinas e residências, e com o valor das bolsas a descer, sem cobrir sequer a inflação. Há que ver o que isto implica a nível de qualidade de ensino, de pedagogia, e das condições que os professores têm para exercer a sua profissão.
- Que outros problemas são abordados?
- Há outras questões, como as propinas. As propinas foram apresentadas aos estudantes como uma forma de contribuir para o aumento da qualidade, mas, desde que a lei de financiamento entrou em vigor, são utilizadas em despesas de funcionamento e pagamento de salários dos professores e funcionários.
A JCP não concorda com o princípio de pagamento de propinas, porque a educação é um direito e, como se diz nesta campanha, os direitos não se pagam, conquistam-se. O direito à educação foi conquistado e é necessário continuar a conquistá-lo diariamente.
- Como está a correr a campanha de fundos?
- Nesta campanha, a JCP fez um documento, um postal e um cartaz - e isto tem custos. Para suplantá-los, a organização do ensino superior lançou uma campanha de fundos. Há organizações que ultrapassaram as metas, outras ainda não conseguiram. No plano nacional, a campanha tem corrido muito bem, apesar da meta ainda não ter sido atingida. Mas será, de certeza absoluta, se a organização continuar com a dinâmica de trabalho que tem tido.
- Que avaliação fazes da campanha?
- Para além das reuniões com as associações e dos contactos com os estudantes em todo o país, são importantes os recrutamentos de novos militantes para a JCP. O documento teve uma boa recepção por parte dos estudantes, tanto em relação aos problemas que focamos, como às propostas que apresentamos. O balanço é muito positivo, porque esta campanha é muito importante, não só para o reforço da organização, como para a consciencialização social e política dos estudantes.